Textos

Recosturando o pano veio.

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No entardecer vejo a paisagem mais plena.
Lembrando dos contos de minhas mães.
Escuto a vovó dizer.
Que menina que não para quieta.
Olha a vara que te espera. Rsrsrs
E não tenho trauma por isso.
Bem pelo contrário.
Precisou para eu ter respeito e amor ao meu semelhante.
Ali a menina aprendeu que tudo na vida é igualitariamente.
Pois minha vovó preta mexendo o tacho de doce.
Ela contava causo.
Eu só escutava.
Que delícia de ver e provar o doce do tacho.
Às vezes de abóbora, outros de marmelo.
Que infância doce e cheios de ralados nos joelhos.
Tudo era distinto de hoje.
Quanta saudade deste tempo.
Vovó, papai e mamães que aqui não estão mais.
E que saudade que dá desta infância de apertar a campainha do vizinho, banhar-me na chuva, andar descanso e vim com o dedo todo ensanguentado. Kkkk
Não chora vamos colocar merthiolate.
Quem não conhecia esse que doía.
Mas eu era distinta.
Dor eu não sentia.
Muitos me achavam besta.
Não! Só era tímida.
Ou autista que na época não se conhecia.
Mas sobrevivo de costurar e remendar a saudade distante e a quase presente.
Todas foram lindas.
Me ensinaram a me amar.
Tive loucos amores.
Mas aprendi que o maior é o que sinto por mim.
Educada por pessoas rígidas, porém tão amáveis que hoje estás não sei se a de existir.
Porque aquelas eram minhas consanguíneas ou não.
Quanta coisa já vivi e ainda me sinto a costurar e remendar o pano veio que há dentro de mim.

Agnes Koch

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